INFORME FUI
Um dos programas mais interessantes de serem feitos em uma visita aos EUA, é um circuito pelos seus parques nacionais do oeste. E são tantos e cada qual com características tão peculiares e impressionantes. Tive a oportunidade de conhecer vários deles que estão nos estados de Nevada, Utah e Arizona. O “alinhavo” de cidades que vão entremeando esses parques e seus cânions é um prazer incorporado ao roteiro. São cidades que estão voltadas para o turismo intenso dessas regiões. Vão desde povoados, à cidades como Las Vegas, em pleno deserto de Nevada. Como quando a caminho do Gran Canyon, a cidadezinha de Sedona no Arizona com ares dos anos 60, imersa em um longínquo e quase esquecido “new age”. Com uma atmosfera mística, gaba-se de ser um lugar “mágico” e de emanar “vibrações” únicas na Terra. Deixando a metafísica de lado, a paisagem é linda, há vários cafés e um artesanato bacana, principalmente as jóias em prata e turquesa produzida pelos índios navajos vendidas em simpáticas lojinhas. O Gran Canyon é uma imensidão de rochas avermelhadas esculpidas por eventos geológicos por centenas de milhões de anos, que contam a história de nosso planeta através de sua formação. Um espetáculo cortado pelo Rio Colorado e cercado de reservas indígenas. A chegada aos vários pontos de observação sempre é um deslumbre. A vastidão, as cores e o formato das rochas no mínimo, impressionam. Outra cidade no caminho é Palm Springs, com suas palmeiras perfiladas na avenida principal, cheia de lojas e restaurantes. Fora o verão que é quentíssimo, pois está no deserto, nos outros meses oferece temperaturas mais amenas e costuma atrair turistas e moradores de alto padrão financeiro. Vale lembrar que nesses parques costumam ter hotéis e alojamentos. Às vezes com uma infra estrutura que pode ter de restaurante a uma lanchonete, ou até mesmo um supermercado como é o caso do Yavapai no Gran Canyon. Os parques contam também com transporte interno, o que facilita bastante. De qualquer maneira, a visita tem que ser feita ou em tour contratado, ou se você fizer por conta própria, deve-se levar em conta que esses lugares são acometidos de variações climáticas drásticas e intempéries. As temperaturas muitas vezes são extremas como no Death Valley. Lá o termômetro chega aos 50º facilmente, e já teve o recorde da segunda temperatura mais alta registrada no planeta... Chove bastante e há queda de barreiras em outras regiões, e durante o inverno há muita neve. Tudo é precedido de “muito”. Portanto, de novo, muito planejamento e olho nos alertas emitidos pelos serviços de meteorologia. E falando em Death Valley, o calor desse lugar ganha notas mais angustiantes quando nos vemos na estrada que o corta: uma reta interminável, dura, quase invencível! E o que é incrível: a beleza do deserto de Mojave, seu parque nacional e seus “cactus” altíssimos, os Joshuas. Uma dimensão de extremos arrasadora e fascinante ao mesmo tempo! O Vale da Morte também serve literalmente de cenário. Uma artista chamada Marta Becket, nos anos 60, desafia a força da natureza e constrói um teatro no mais impensado dos lugares! O “Amargosa Opera House” é um impressionante exemplo de determinismo e sonhos. Ingredientes que fazem parte da história da nossa civilização, é certo. Outro canion que faz jus ao nome é o Monument Valley. O lugar foi, e ainda é cenário de filmes de “western”. Foi lá que o grande astro do cinema nesse gênero, se lançou: nada menos que o legendário John Wayne. |
Fotos: Angela Güzey
Revendo esses filmes, você logo vai identificar as formações tão peculiares que aparecem nas ambientações.
À medida que vamos avançando no caminho, podemos visualizar tendas de índios espalhadas aqui e ali. São aquelas cabaninhas que temos em mente, vindas de uma memória de filmes de faroeste ou mesmo desenhos animados antigos. As mais tradicionais são as “hogans”, feitas de terra. Mas os índios administram bem seus negócios, como por exemplo para se conhecer lugares como o Antelope Canyon, tal como outros cânions que estão em terras navajas , há de se agendar uma visita que se dá exclusivamente na companhia deles. Um índio navajo vai lhe pegar no seu hotel com um jipe, leva até o lugar, acompanha e conduz toda a visitação e depois lhe retorna. No caso de Antelope, acho que todo o esforço (até a chegada ao cânion em si, você sacoleja bastante na traseira do 4X4) para conhecê-lo, vale à pena. É simplesmente uma maravilha, obra de mestre esculpida pela erosão das águas e dos ventos, e rende fantásticas fotos. E nos vemos diante do espetacular Bryce Canyon. Uma espécie de “Capadócia” americana, onde as formações das rochas nos remetem a figuras de animais, pilares, torres e arcos, em um sem fim de “esculturas” coloridas. Outro cânion que está dentro de um parque é o Zion. De novo uma extravagância da natureza cortada dessa vez pelo Rio Virgin. A estrada que corta o parque é vertiginosa! E finalmente Yosemite. Onde há de tudo: lagos (atenção ao maior de todos, o Tenaya, que é especialmente bonito), cachoeiras (dependendo da época do ano), sequóias enormes, “paredões” desafiadores como o chamado “O Capitão”, e... ursos negros! Não consegui me decidir se queria ou não vê-los. Quem sabe de uma distância segura? Não foi possível. Mas sempre ficou a expectativa! E falando neles, os parques tem regras restritas e que devem ser seguidas a risca como, por exemplo, não deixar qualquer tipo de alimento exposto (há caixas especiais para armazenamento de comida), atenção máxima com a utilização de fogo e estar preparado caso resolva se arriscar pelas trilhas existentes. O programa é dos melhores. Uma experiência única, de um impacto visual forte, que permite uma percepção direta e espetacular do planeta que vivemos. ANGELA GÜZEY - é psicóloga por vocação, e viajante e fotógrafa por paixão - |